AS POSTURAS ERRADAS DIANTE DO SOFRIMENTO
TÍTULO – AS POSTURAS ERRADAS DIANTE DO SOFRIMENTO
TEXTO: JÓ 2.9-10
INTRODUÇÃO - ELUCIDAÇÃO - O livro de Jó é um dos relatos bíblicos mais intrigantes da literatura inspirada, ele descreve a história de um homem que era fiel e integro de tal maneira que conseguiu arrancar até elogios do próprio Deus. Contudo, este homem foi protagonista de uma situação que diante da mesma ele precisou dar as respostas certas a um teste no qual nem eles mesmo conhecia os motivos. O livro sapiencial de Jó começa com um encontro inusitado entre Deus e Satanás, no qual se inicia o script dos fatos que se desenrolariam mais adiante, estes, por sua vez, ficariam nos anais da história deixando as lições mais profundas extraídas das atitudes de um servo que conseguiu expressar com suas posturas o que as palavras jamais conseguiriam ensinar. E assim, certo dia Satanás se apresentou diante de Deus juntamente com os anjos, e o próprio Deus dirigiu-lhe a palavra perguntando se Jó e sua integridade tinham sido alvos de sua observação. Deus parecia está tão satisfeito em dar testemunho de seu servo por sua vida de santidade que queria despertar a atenção de Satanás para tal testemunho. Entretanto, aquela afirmação foi a plataforma sobre a qual Satanás lançaria um desafio, ele propõe a Deus que prove a fidelidade de seu servo, justificando que certamente sua lealdade era fruto de tantas regalias com as quais Deus o cercara. E assim, Jó sem conhecer o teor daquele debate que tinha acontecido entre Deus e Satanás, enfrentou a situação mais desafiadora de sua vida, aquele era o momento mais oportuno para declarar que a sua fé e fidelidade não estavam solidificadas nas bênçãos que ele havia recebido, desta forma Jó precisava provar que a fidelidade que não é testada pela prova pode ser que nunca tenha sido verdadeira. Então, o servo que recebeu o maior elogio de Deus foi também provado com a maior prova que alguém pode enfrentar e o melhor é que ele conseguiu permanecer fiel na situação mais obscura de sua vida dando as respostas certas no momento certo (Cap. 1-2). A história bem conhecida de Jó trouxe sobre ele uma definição que antes sua vida não tinha, ele agora ficaria conhecido como o homem da paciência. Aquele que suportou longanimamente o sofrimento permanecendo fiel a Deus, realçando na provação as mesmas posturas que tinha antes dela, e assim, conseguiu demonstrar que Satanás estava errado. Contudo, antes de chegar ao final do livro, podemos perceber que mesmo sendo fiel Jó teve muitas crises, o que não era pra menos, crises cujas lições ficaram em destaque na história. E assim, começam a se desenrolarem os fatos catastróficos da vida de Jó. Só para relembrar Jó perdeu: sete filhos, três filhas, sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas jutas de boi e quinhentas jumentas (1.13-22), como também seus servos, e por último sua saúde (2.7), em outras palavras ele perdeu tudo o que tinha e agora o maior homem do oriente estava numa situação deplorável e humilhante. No descortinar dessa história vão aparecer alguns personagens, seus amigos, Elifaz, Bildade, Elifaz e Eliú. Amigos que diante dos senário que se encontra perante de seus olhos, vão requerer uma explicação para aquela situação. Mas há outro personagem que chama a atenção, a mulher de Jó. Esta diante de todas as perdas foi a única coisa que lhe restou. E é sobre ela que queremos refletir. Alguns interpretes judeus a chamaram de Diná a filha de Jacó, John Gil não concorda essa interpretação. A tradição a chamou de Sitis (Jó 2.9-10). Embora não saibamos tudo sobre ela, gostaríamos de aprender com a mulher de Jó e suas posturas diante do sofrimento, e ouso dizer, quem sabe vamos até em alguns momentos nos identificar com ela.
TEMA: AS POSTURAS ERRADAS QUE NÃO DEVEMOS TER DIANTE DO SOFRIMENTO
Interrogaçâo: quais são?
Transição: vejamos na mulher de Jó estas posturas.
- FÉ EM DEUS ABALADA DIANTE DO SOFRIMENTO
- Veja que ela também foi atingida pelo sofrimento, porém vale reparar que mesmo com suas queixas ela permaneceu ao lado de seu esposo. Ela era a única pessoa que ele tinha. Perceba que lá no capítulo 42.11, quando o Senhor restituiu os bens de Jó todos os seus conhecidos, amigos e familiares vem se alegrar com ele, mas onde estava esse povo na hora da dor? Dizer que “na alegria os amigos te conhecem, mas na dor você conhece os amigos”. Mas a sua esposa foi a única coisa que ficou com ele até o fim.
- Porém, ela está ao lado, mas não mais com a mesma fé inabalável. Talvez, quantas vezes aquela mulher não foi influenciada pelo seu esposo, mas agora as circunstâncias falavam mais alto do que os discursos e a crença de Jó.
- Sua fé só esteve de pé em quanto tudo em sua volta permanecia também. A fé dela foi sepultada juntamente com seus filhos, foi embora com seus bens e a saúde de seu esposo. Veja que por um lado aquela não era uma situação fácil, ela de repente acorda numa manhã uma mulher próspera, da alta sociedade do oriente, com um maravilhoso marido, lindos filhos, e muitos servos a seu dispor e a noite vai dormir falida, de luto pelos filhos, que ela amamentou e cuidou com tanto amor, e na mais completa miséria. Dizem que é melhor não ter do que um dia ter e perder, e o pior não compreender porque se perdeu tudo. É claro que numa situação dessas é muito difícil manter a fé sem abalos ou rachaduras.
- É fato que não é fácil perder sem sofrer abalos. Não são poucos os relatos de homens que após uma falência cometem suicídio. Diferente do ímpio nós fazemos uma leitura das situações da vida a luz da espiritualidade, pois para nós o mundo real sempre terá uma explicação no mundo espiritual, é aí onde muitas vezes nossa fé fica sujeita aos abalos quando não conseguimos entender o porquê das coisas.
- Mas, também é fato que nós vivemos dias em que a fé é algo muito frágil, se quebra ou vai embora tão facilmente. Pessoas com uma fé muito mais alicerçada nas bênçãos de Deus do que no Deus que abençoa. Talvez esse era o caso da mulher de Jó. E esse foi o grande viés sob o qual se processor os alicerces do desafio de Satanás proposto a Deus para com Jó.
- Muitas vezes uma fé pronunciada nas canções e nos discursos está bem distante da vida prática. É fácil cantar difícil é viver o que se canta.
- É fácil cantar Deus é Fiel, é amor, é bondoso difícil é expressar essas certezas na vida prática, principalmente na hora da dor. E principalmente quando olhamos a nossa vida não vemos motivos justos para explicar essas situações. Nessas horas qual a fé que não corre o risco de vacilar?
- O desafio da fé é permanecer com ela de pé mesmo quando tudo desmoronar. É aí que a fé faz realmente sentido.
- PERDER A ESPERANÇA EM DEUS DIANTE DO SOFRIMENTO
- Para ela não havia mais pelo que esperar, a solução era amaldiçoar a Deus e morrer.
- Diante de tudo que estava ali, falência, luto, servos que não se tinha mais, a saúde de seu marido que tinha ido embora, de forma que era repugnante até olhar ou está perto daquele homem com quem ela teve tantos momentos amorosos. Neste senário marcado pela calamidade, o que ainda se poderia esperar? Aquilo era o fim, e que trágico fim.
- Umas das piores coisas da vida é quando perdemos a esperança. Diz certo ditado que a “esperança é a última que morre”, mas em determinadas situações da nossa vida precisamos é não deixa-la morrer.
- O fato é que às vezes as situações são tão difíceis que já fizemos velório para esperança há muito tempo e muitas vezes a sepultamos em nossos corações.
- Contudo, entendo que o grande problema daquela mulher foi ter colocado os alhos mais nas circunstâncias do que em Deus. Porque eu creio, que quando conseguimos ainda esperar em Deus, por mais difícil que a situação seja, ainda é possível confiar que as coisas podem melhorar.
- Quando perdemos a esperança a atitude mais notória é a desistência. E foi isso que ocorreu com ela, então ela disse para seu marido para desistir também. Acho que ela preferia ficar viúva a ver o marido naquele estado. E talvez até pelo fato não querer passar o resto da vida cuidado de um homem chagado, humilhado e falido.
- Em momentos assim, nunca perca a esperança. Ex: a mulher do fluxo de sangue. Lucas 8. 43-48 (Marcos 5. 25-34)
- REVOLTA CONTRA DEUS DIANTE DO SOFRIMENTO
- Samuel Tirrie tenta justificar sua atitude e diz que o ato da mulher de Jó (de mandar amaldiçoar Deus) era de amor, pois segundo ele, com a maldição lançada a Deus Jó seria liberto de seus sofrimentos. Era uma espécie de eutanásia (Shamplin)
- Já Agostinho a chamou de “Ajudante de Satanás”.
- Alguns dizem que ela não disse amaldiçoa, pois a expressão no hebraico aqui é “Berech Elohim”, que significa abençoar Deus e não amaldiçoar. Porém o Dr Shedd diz que a língua hebraica nunca poderia ser empregada para amaldiçoar Deus, neste caso o contexto é que vai dar a definição, e já que Jó diz que ela procedeu loucamente, não poderia está se referindo a abençoar.
- Veja que implicitamente ela está atribuindo a Deus o motivo do sofrimento de Jó. Até porque essa era a concepção teológica da época (Jó 1. 21), acreditava-se que tudo vinha de Deus.
- Naquelas palavras ela de alguma forma parecia está dizendo: “esse é o Deus bondoso que você tantos nos falava, esse é o Deus por quem você tanto foi fiel e ensinava-nos a ser?”
- E agora do que te adiante continuar com essa fidelidade, veja o que Ele te fez.
- Entendo que o sofrimento é uma faca de dois gumes na vida do justo, por um lado ele pode ser o momento mais oportuno para continuar a ser fiel e mostrar onde está arraigada a nossa fidelidade, como ele pode ser divisor de águas, entre “o que eu cria e o que eu deixo de crer” entre o que eu “era e o que eu deixei de ser”.
- Jó encontrou no sofrimento a melhor maneira de demonstrar a sua fidelidade. Mas a mulher dele não sabia o que era isso. A miss Eva brincava dizendo que quando Deus propôs o desafio a satanás sobre Jó, “Deus confiou muito nele, não era somente Jó que tinha fé em Deus, mas Deus tinha fé em Jó”. Eu confesso que se fosse comigo, eu diria: Deus se eu fosse o Senhor eu não apostava tanto assim em mim, RSRSRS. Poderíamos dizer que Deus apostou todas as suas fichas em Jó! E Jó foi capaz de arcar com as demandas daquele desafio. Deus seja glorificado por isso.
- Na maioria das vezes nos identificamos mais com as posturas da mulher de Jó do que com ele.
COCLUSÃO: quais são as nossas posturas nos momentos da dor?