LOUVANDO A DEUS MESMO DIANTE DO “AINDA QUE” -
TEXTO: Habacuque 3.17-19
INTRODUÇÃO: Geralmente prestamos mais uma adoração a Deus quando temos motivos para adorá-lo, porém eu entendo que o maior desafio a respeito do louvor não é louvar a Deus diante dos “por quês”, ou seja dos motivos oportunos, mas nos “ainda quês” da vida. Quero dizer que é muito fácil louvar a Deus por que eu tenho uma casa, um carro, meu salário certo todo mês, estou com saúde, e não há nada de errado nisto, contudo o verdadeiro desafio é poder louvar no “ainda que”, isto é, ainda que eu não tenha minha casa, meu carro, meu salário e minha saúde completa. Isto significa saber o valor da adoração na alegria e na dor. Hoje tem se pregado uma mensagem triunfalista, na qual Deus é colocado como uma espécie de gênio da lâmpada, o promotor do nosso bem-estar pessoa, Deus é aprensentado como alguém que está pronto para realizar todos os seus desejos, e desta forma a devoção das pessoas tem sido moldada por estes discurso. Mas a mensagem do Evangelho não consiste nisto, não é o ter que é mais importante, mas o ser. A benção não pode ser mais valiosa do que o Abençoador. Os nossos valores são diferentes. Por isso, se eu consigo entender esses valores, vou também conseguir louvar a Deus mesmo diante dos “ainda quês” da vida. Assim, como fez Habacuque (3.17-19). Não quero com isso dizer que há uma teologia na Bíblia que nos “obriga” a louvar a Deus no sofrimento, mas acredito que aqueles que conseguem chegar a essa dimensão entenderam mais do que qualquer um o valor da verdadeira adoração.
ELUCIDAÇÃO:
O profeta Habacuque parece que entendeu essa verdade em sua devoção. Primeiro precisamos ver um pouco sobre esse profeta a partir de seus escritos e os momentos pelos quais ele passou, para entendermos isso de fato. O ministério de Habacuque ocorreu antes da primeira invasão de Judá por Nabucodonosor, em 606 a 605 a. C, neste período o profeta Daniel e outros foram levados para a Babilônia. A Babilônia estava no seu apogeu conquistando a Assíria e o Egito e agora viria sobre Judá também. O reino do Norte, anos antes, tinha sido conquistado pela Assírias, mas esta estava caindo sob o poder dos babilônicos. Habacuque ocorre antes da queda de Judá, mas ele presenciou toda a sua ruina e há quem diga que ele também foi testemunha da queda da Babilônia diante dos Persas. Mas antes deste evento, DEUS usa Habacuque para dizer ao povo de JUDÁ que DEUS tinha intenção de puni-los por seus pecados, permitindo que seu INIMIGO, a BABILÔNIA os subjugasse. Era um tempo de muita iniquidade em Israel e desvio da vontade de Deus. O rei de Judá nesta época era JEOAQUIM , e é descrito pelo profeta JEREMIAS com as seguintes palavras : “ os teus olhos e o teu coração não atentam senão para a tua ganância e para derramar sangue inocente e para levar a efeito a violência e a extorsão “. (JEREMIAS 22: 17, HABACUQUE 1; 2-4 II REIS 23: 34 E 24: 5 ). Deus já havia usado Jeremias e agora usa Habacuque para chamar a atenção do rei para seus pecados, quando Nabucodonosor veio, não foi por falta de aviso da parte de Deus. Porém, diante deste contexto Habacuque fez algumas perguntas a DEUS, pergunta que muitos de nós fazemos constantemente. A primeira pergunta que ele fez foi: PORQUE DEUS PERMIITIA QUE O PECADO DE JUDÁ PERMANECESSE IMPUNE? 1: 2- 4 . Esta pergunta é respondida em 1: 5 -11. A segunda pergunta foi: COMO PODIA UM DEUS JUSTO USAR OS BABILÔNIOS MAIS IMPUROS QUE JUDÁ PARA PUNIR O POVO DE DEUS 1: 12 – 2 : 1, esta pergunta é respondida em 2 : 2- 20 . De modo que o início do livro se mostra bem diferente do seu final. No início Habacuque se mostra cheio de dúvidas e questionamentos, mas no final um servo confiante. Veja que as circunstancias sob as quais Habacuque se encontra não mudam, mas ele muda diante delas. A ponto de declarar ainda que tudo venha desmoronar, eu me alegrarei no Senhor e exultarei no Deus da minha salvação. Naquela situação ele pode expressar seu louvor a Deus, revelando quem Deus era em sua vida mesmo diante do "ainda que". E assim aprendemos, que:
TEMA: É JUSTAMENTE DIANTE DO “AINDA QUE” QUE SE EXPRESSA NOSSA VERDADEIRA ADORAÇÃO
INTERROGAÇÃO: porque diante desses momentos se expressa a adoração verdadeira?
Transição: as palavras do profeta Habacuque pode muito bem nos apontar isso; primeiro:
1. PORQUE NESSES MOMENTOS ENTENDEMOS OS VERDADEIRO VALOR QUE DEUS TEM EM NOSSA VIDA
a) Diante de toda aquela calamidade presenciada por Habacuque, ele descobre o que realmente tem valor: DEUS.
b) Não era os valores TERRENOS que mais tinha valor, mas os ETERNOS.
c) Veja o que Habacuque diz tem a ver com o que ele presenciou: os babilônicos invadiram Judá e destruíram tudo, não deu se quer tempo da figueira florescer, as videiras não deram seus frutos, pois foram devastadas a oliveira também não, os campos não deram mantimentos (cereais) e as ovelhas e o gado foram tirados do curral. (Champlin)
d) Veja que ele presenciou uma total escassez, pois todos esses eram recursos que faziam parte da subsistência do povo.
e) Alguns entendem da seguinte maneira: Quando ele escreve (...ainda que a figueira não floresça... ) estava se referindo à função da pasta de figo, extraída da árvore, servia como remédio, para ser colocada sobre as feridas; se esgotasse esse recurso: ainda assim ele se alegraria no Senhor e exultaria no Deus da sua salvação. Logo em seguida (...nem haja fruto na vide...) o que ele dizia era que, ainda que não houvesse o vinho ,simbolizando alegria: ele ainda se alegraria no Senhor e exultaria no Deus da sua salvação. Após isso (...ainda que decepcione o produto da oliveira...) fazia referência à luz, à iluminação que se conseguia através do azeite extraído da oliveira, se o faltasse: ele ainda se alegraria no Senhor e exultaria no Deus da sua salvação. Mais um pouco (...os campos não produzam mantimento...) se faltasse o alimento, não produzissem mantimentos as cearas: ele se alegraria no Senhor e exultaria no Deus da sua salvação. Por último (...ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado...) se não houvesse como se vestir, pois se fazia roupas de peles, de couro, se não houvesse a carne extraída dos rebanhos: ele se alegraria no Senhor e exultaria no Deus da sua salvação.
f) Havia em Israel a festa do Pentecostes, que era uma festa da colheita, a colheita era motivo de celebração, mas para Habacuque mesmo que não houvesse motivos para celebrar ainda isso Deus seria mais valioso do que tudo.
g) Se fosse nos dias de hoje talvez Habacuque diria: mesmo que a minha conta bancária seja confiscada, minha casa seja tomada, meu carro seja roubado e o salário me falte... eu sei o valor que Deus tem na minha vida. Não será o ter que determinará meu relacionamento com Ele.
h) Ele podia declarar isso porque ele sabia qual era o verdadeiro valor de sua vida, e nós podemos fazer o mesmo?
i) A mensagem que muitas vezes temos ouvido hoje é bem diferente, uma mensagem que fala mais do ter do que do ser, de modo que até o nosso amor a Deus é condicionado pelo que temos.
j) Porém, sabe quando eu mais provo meu amor por Deus não é diante do que Ele me dá, mas diante do que eu descubro que Ele é para mim e muitas vezes eu só descubro isso na escassez.
k) O que tem mais valor na sua vida, a benção de Deus ou o Deus da bênção?
2. PORQUE NESTES MOMENTOS ENTENDEMOS QUEM DEUS É DE VERDADE EM NOSSA VIDA
a) Habacuque entendeu quem era a sua salvação e a sua força em meio aquela luta.
b) Habacuque o valor de Deus em sua vida porque ele sabe quem Deus é: sua salvação e fortaleza.
c) Ele traz salvação para todas as situações da vida e diante delas nos fortalece.
d) Saiba que Deus tem salvação para esta situação, e se ele tem salvação Ele vai chegar com seu escape. Mas até que a salvação chegue Ele te fortalecerá para que possas continuar de pé, mesmo em meio as maiores batalhas da vida.
e) Por isso, podemos louvar e nos alegrar em Deus diante dos “ainda quês” da vida.
f) Eu também entendo que isto é possível por que sua salvação um dia chega pondo um fim em toda a situação difícil. Tudo um dia passa e só o Senhor permanece para sempre.
3. PORQUE NESSES MOMENTOS ENTENDEMOS QUE A TOTAL DEPENDÊNCIA DE NOSSA VIDA VEM DE DEUS
a) É ele que faz Habacuque ter pés como os das corças e o faz andar em lugares altos
b) É Ele quem faz em nossa vida, e são nesses momentos de inteira dependência que sabemos reconhecer quem verdadeiramente faz.
c) Porque quando temos os recursos certos geralmente atribuímos a ele o nosso escape, mas quando não, nó fazemos como o salmista: o meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra. (Sl 121.2).
d) Paulo entendeu isso quando declarou: tudo posso naquele que me fortalece (Fl 4.13)
CONCLUSÃO: que tudo isto, acima de tudo, sirva para uma análise pessoal, para repensarmos o nosso relacionamento com Deus.