QUANDO TUDO PARECE DISTANTE

Quando tudo parece distante, esperar se torna apenas um grito desesperador em meio ao caos de uma mórbida e vã calmaria. Imaginar a chegada do que é tão esperado ansiosamente representa somente um palpitar vazio que pegou carona no último vagão das questões indisponíveis ao possível.

Quando tudo parece distante, o conformar-se com a solidão serve de aconchego ao coração e o medo de não ser preenchido pelo que ainda está em falta se torna a companhia mais presente. São nesses momentos que a ausência lança desespero e pavor a nossa capacidade de acreditar na possibilidade da chegada daquilo que precisamos no amanhã encontrar.

Quando tudo parece distante, somos impelidos por forças maiores a desistir de esperar sem nem ao menos lutar. A cortina do senário que a esperança nos armou se fecha nos fazendo entregar toda e qualquer expectativa que tínhamos aos bastidores do “agora chegou ao fim”. A batalha há muito travada esgota as nossas forças e assim abandonar o campo de guerra se coloca como a escolha mais conveniente em direção ao rumo do retroceder.

Quando tudo parece distante, só existe um cobertor que pode aquecer a alma: a fé que não pode ser suplantada pela incompreensão da espera demorada. É somente ela que pode trazer a certeza de que no amanhecer Deus trará a realização daquilo que a espera aguardou viver. É ela que me faz deitar a cabeça no travesseiro ouvindo o doce sussurro da voz do Senhor, em meio a noite tempestuosa, a me dizer: durma em paz, eu sou o Deus do amanhã, por isso, eu sou o Deus do novo amanhecer.

 

Miss Gilmara Diógenes

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